Pela primeira vez em minha vida eu entendi o que era não ter para onde ir.
Foi a primeira vez que eu matei uma pessoa.
E a primeira vez que eu bebi o sangue de alguém.
Depois disso, eu passei dias vagando sem rumo, me escondendo pelos becos, caminhando para longe da cidade. Minhas roupas estavam fétidas por causa da mistura de sangue velho e lama. Minha pele branca estava encardida e meus cabelos negros encobriam quase completamente meu rosto.
Então eu encontrei a floresta onde me refugiei e vivi nela durante cinco anos como um animal selvagem, atacando qualquer coisa que se movesse.
Se na época eu ainda me lembrasse o que era contar, eu teria perdido as contas de quantos soldados morreram em minhas mãos tentando adentrar o território francês.
Diria até que eu merecia uma medalha de honra por isso, mas eu não tenho certeza se todas as vítimas eram inimigas.
Eu sentia raiva quando minha presa fugia. Sentia dor quando ela lutava e conseguia me ferir. Sentia desejo quando o cheiro de seu sangue sujo adentrava minhas narinas. Eu sentia a deliciosa sensação de saciedade quando o sangue fresco descia por minha garganta, enquanto o corpo sem vida de algum infeliz pendia imóvel em meus braços.
Eu não sabia mais o que era querer algo somente por vaidade. Não sabia o que era sentir pena, amor ou vontade de abraçar alguém.
Eu me tornei um animal selvagem porque vivia por instinto, porque todos os meus sentimentos estavam relacionados à sede.
19 de março de 2011 às 19:46
Lindo! Aguardando a continuação
21 de março de 2011 às 05:18
Gostei do que vi, muito forte.
Sampaio
21 de março de 2011 às 06:16
Obrigada gente! *-*
22 de março de 2011 às 17:44
Bacana mesmo, vai ter continuação?
Virou rpgista ou é um conto isolado mesmo?
22 de março de 2011 às 17:46
putz, ignore minhas perguntas... fui ler esse post antes do anterior. kkkk Agora saquei tudo.
Aguardando continuação (2).
29 de março de 2011 às 20:51
você conhece a sede, a paixão e a fúria de nossa maldiçõ! ms conseguirar amar e abraçar o dom negro, através dos séculos sem cair em degeneração? adoro o que escreves mas reflita sob nossa benção!